quarta-feira, 24 de abril de 2013

Relato do nascimento da Bia

Eis que quase dois anos depois, a minha pequena Beatriz estava para fazer a sua aparição. A gravidez de início foi algo magnífico. Eu durante uma visita de umas amigas em casa, estávamos falando de como ela tinha 4 filhos e mesmo assim continuava estudando para ter o seu bacharel, e como era difícil,mas como valia a pena. E naquele momento eu senti que deveria ter outro filho. Foi um sentimento muito claro. O negócio agora era convencer meu marido né?

Dois meses depois do evento fiz um teste que veio positivo, e mandei uma foto para ele por mensagem de telefone. Demorou um pouco para cair a ficha,mas ele me ligou depois e perguntou "você está brincando né?" Hummmm, não....eu não conseguiria fingir um teste positivo :)

Na segunda vez eu achei que não estaria tãããão ansiosa. Mas chegando nas 38 semanas eu percebi que não tem jeito, a gente fica na ansiedade achando que a criança vai nascer cedo com qualquer gravidez. Inclusive agora na quarta acredito que vou chegar nesse ponto! :)

No dia do meu DPP eu fui para a cama achando que estaria passando da minha data afinal, mas durante aquela noite, tive contrações a noite inteira de 7 em 7 minutos (depois de um tempo comecei a cronometrar). Quando eu percebi que essas contrações não iriam pra lado nenhum, pois melhoravam quando eu me mexia, tentei dormir....e acordei quebrada no dia seguinte, pois acordei várias vezes com as tais amigas contrações...mas pela manhã elas já não vinham mais...então tentei prosseguir com o dia. As contrações vinham e iam...eram os pródomos!!!

Fui na minha obstetriz (parteira) pela manhã e ela me disse que eu estava dilatava pra 4 cm. Mas que a neném estava muito alta. Eu naquela época imaginava que quando a minha bolsa estourasse eu entraria em TP efetivo. Mal sabia eu aonde estava me metendo, pedindo pra parteira estourar a minha bolsa. Como a neném estava alta, ela me falou que não iria estourar a bolsa, por medo de prolapso do cordão. Fiquei meio decepcionada,mas segui em frente. Ela me disse pra caminhar, e tentar algumas maneiras mais naturais de indução de parto. Caminhar, estímulo dos seios (usando a bomba de sugar leite, isso aumenta o nível de ocitocina, que é o hormônio que induz o parto)...enfim...fiz essas coisas e as contrações vinham,mas não evoluíam. Então resolvi deixar, pois já estava cansada, e se as contrações estavam vindo era por que mais cedo ou mais tarde eu entraria em franco trabalho de parto. Resolvi ouvir meu CD de hypnobabies, de relaxamento. E relaxei tanto que dormi por 3 horas. Lembro que acordei revigorada com as contrações que voltaram....

Fui no final do dia (já eram 5 da tarde o consultório da minha parteira, estava fechando) mas ela queria fazer uma ultima avaliação para ver se eu havia evoluído. Nada de evolução, a não ser que meu colo tinha sumido (fino) e a neném estava bem baixa e encaixada. Ela já se sentia bem estourando a bolsa....bolsa estourada no consultório dela, não foi um jorro de água,mas ela viu que tinha mecônio. Até então o plano era estourar a bolsa e ir pra casa, até que as contrações viessem mais fortes e frequentes. Quando a Helene viu mecônio, pediu para eu ir para o hospital, para ser monitorada de 30 em 30 minutos. Me deu um medo de ter que ter alguma intervenção dali pra frente. Por essa eu não estava a espera.... Eu perguntei pra Helene se isso mudaria nossos planos de uma parto natural, pois eu havia conversado com ela sobre a minha preparação com o curso de hipnose e relaxamento chamado "Hypnobabies". Ela adorava as pacientes dela que faziam esse curso, pois lidavam muito bem com a dor, e estavam muito preparadas pra o parto. Ela concordava com tudo do curso, e disse que não deixaria ninguém intervir. Deixou avisado no hospital que não era pra me colocar com IV, ocitocina, nem oferecer anestesia :) Eu estava no caminho que queria :)

Quando cheguei no hospital imagino que eram quase 6 da tarde, pois tive que ir pra casa buscar minha malinha.

Chegando lá me admitiram e eu fiquei na bolsa de yoga pulando...andando de uma lado pro outro do quarto e do hospital...eles monitoravam a neném assim que chegamos por uns 30 minutos....depois me deixaram andar mais 30, e monitoraram de novo por mais 30. Como ela não apresentou nenhum sinal de que estava ruim lá dentro, me deixaram ser monitorada cada 2 horas (acho que foi tudo instrução da minha parteira, que prometeu me encontrar lá quando as coisas pegassem fogo).
Eu estava ficando preocupada que as contrações não estava vindo com mais frequência. Elas vinham de 15 em 15 minutos. O Mathew trouxe um sanduíche de frango pra mim, com salada dentro, que até hoje eu lembro da cara do sanduíche. Eu tive que esconder pra o departamento de enfermagem não encher a paciência, porque os hospitais sempre tem o protocolo de "e se ela precisar ir pra cesária", então te deixam sem comida....um absurdo!!!A mulher precisa de energia pra parir, como é que se pari sem energia (carboidratos) e açúcar no sangue pra nos sentirmos vivas???? Aquele sanduíche estava uma DELÍCIA!!! Apesar de não ter conseguido comer tudo!!! hehehehe

Quando deu umas 8 horas da noite (mais ou menos, não lembro direito a hora) eu entrei em TP, sentia as contrações vindo com frequência e aumentando. Me sentia cada vez mais "fora de mim", a famosa partolândia. Pedi para ir para a banheira ver se aliviava um pouco mais a minha dor...entrei nela e estava beeeem quentinha...uma delícia. Nisso tudo eu usava o meu hypnobabies pra me ajudar a relaxar. Eu fazia som de "ahhh"que parecia que estava com dor...senti que isso incomodava as pessoas que estavam em volta...mas...dane-se...a dor era minha se eu quisesse gritar, tinham mais é que ficar quietos...nessas horas eu sinto que as pessoas ficam querendo te ajudar oferencendo a peridural, como se a peridural fosse a solução para todos os problemas da vida. Claro que tiraria a minha dor,mas também tiraria a experiência pra ser vivida do jeito que eu queria. Quando você pede a peridural você acaba com a cascata de hormônios naturais do seu corpo. Elas são como uma sinfonia, se você começa a mexer com uma coisa, todas as outras também param. Isso faz com que a experiência física não seja mais a mesma. EU não queria deixar de viver a experiência física de parir naturalmente. Eu sabia que a peridural tiraria as sensações naturais do meu corpo e portanto seria uma experiência diferente. Independente de ter sido bom ou ruim para você que está lendo quando tomou a peridural, não era o meu desejo. Inclusive eu nem pensei na peridural como uma opção, de tanto que eu havia trabalhado na minha mente que aquela era minha experiência e tinha que ser vivida plenamente, não importando a dor que fosse.

Minha parteira já estava lá comigo quando eu entrei na banheira e ficou do meu lado me observando, colocando gelo quebrado na minha boca quando percebeu que eu estava com a boca seca. O marido também ficava ali do lado, tentando me ajudar. As vezes ele falava no meu ouvido que conforme as contrações vinham, a neném estava cada vez mais perto da gente. Isso me ajudava muito. Ele também fazia massagem na região do pescoço, e jogava água quente na minha barriga, pois mesmo eu tentando ficar submersa na água, a barriga ficava com a ponta de fora :)

Lembro também que a minha parteira me disse que a hora que eu sentisse vontade de empurrar, como se fosse vontade de fazer coco, eu deveria avisa-la. Você sente pressão lá embaixo quando está chegando a parte de fazer força para o neném nascer.

Uma técnica que eu usava era relaxar todo o meu corpo quando as contrações vinham, eu não lutava contra elas. Tinha lido no curso que o útero tem músculos que vão da parte de cima pra baixo, que são para a contração para a criança descer, e músculos de baixo para cima, que são para segurar a criança dentro do útero pelos 9 meses. Quando a mulher fica tensa, ela não deixa que o neném desça da maneira natural, ela segura a dilatação dela com medo da dor. Então eu deixava a dor me tomar...eu não lutava contra ela...e pensava que estava abrindo cada vez que eu sentia q vinha uma contração. Chegou um ponto onde elas vinham com tamanha intensidade que eu tremia toda enquanto estava em contração. Olhando pra trás percebo que estava em transição, a parte mais curta do parto. Onde as dores passar de ser para você dilatar, para ser do útero empurrando a criança pra fora.

Pra aquelas que não sabem, se deixarmos o útero faz tudo sozinho, não precisamos ficar roxas empurrando as crianças pra fora, quando vem uma vontade sem igual de fazer força é basicamente involuntário, não tem como segurar.

Eu orava para que eu sentisse logo a tal pressão. Pois para mim parecia uma eternidade essas contrações. Quando eu cheguei no ponto de tremer durante as contrações eu perguntei para a minha parteira "por que mesmo as pessoas tem filho sem anestesia?"eu queria que ela me lembrasse por que eu estava fazendo aquilo. Não que eu quisesse a anestesia,mas precisava que alguém me dissesse o por que estar passando por aquilo. Ela disse que eu me sentiria MUITO melhor logo depois que a neném nascesse e que minha recuperação seria muito mais rápido do que se eu tomasse anestesia. Aquilo naquele momento parecia uma razão extremamente idiota. Mas eu não tinha pra onde correr...e então entre orações desesperadas na minha cabeça, onde parecia que eu estava conversando com Deus, eu senti repentinamente uma pressão...e numa voz fraca anunciei isso para a minha parteira. Ela rapidamente me avisou que assim que a contração que eu estava passando acabasse eles me tirariam da banheira e me levariam pro quarto de cadeira de rodas. O hospital que eu estava tendo filho ( o único da cidade) não permitia partos na água. Então sem eu nem sentir, eles (mathew e Helene) me tiraram da água e colocaram na cadeira de rodas. Foi muito rápido, eles me envolveram com toalhas,mas eu comecei a tremer. Estava morrendo de frio quando fui para a maca. Tudo isso que estou contando parece um borrão agora que eu estou contando. Eu lembro das sensações,mas não muito do momento. Eu lembro de estar deitava na maca sem achar um posição boa e tremendo, alguém passou toalhas quentes para colocar em volta de mim, e eu comecei a sentir minha temperatura corporal voltar ao normal....aí veio uma vontade de abrir passagem para a neném, por motivo de falta de uma melhor expressão, eu precisava abrir a perna. Pedi para o Mathew segurar uma perna pra cima, e assim que tinha uma canal de passagem, veio uma vontade ANIMAL de fazer força....totalmente involuntária!!! Eu não conseguia parar....lembro da Helene falando "calma, vai devagar"e eu nem tchum! a força estava vindo do meu âmaga, e não tinha quem fosse me parar. A Helene pegou a Bia no meio do caminho sem luvas, pois não deu tempo....SIM, foi mais rápido do que ela esperava!!!

Eu não senti o círculo do fogo ( e eu morria de medo do tal círculo do fogo), foi tudo tão rápido que sinceramente, eu senti que foi um empurrão e ela saiu! Foi LINDO!!!

A sensação de alívio depois que ela nasceu foi inigualável. Eu estava vendo tudo em camera lenta daquele momento em diante, exausta, mas super bem. Eu sentia como se pudesse levantar e andar numa boa, que podia correr uma maratona e ninguém poderia me parar. Eu realmente estava nova. Como se nunca nem estivesse estado grávida! Ela veio direto pro meu colo e não chorou logo de primeira. Ela estava bem alerta,mas depois começou a chorar. Eu lembro de ter ficado preocupada, e a Helene falou que ela estava bem, pois estava recebendo oxigênio pelo cordão. Eles esperaram pra cortar o cordão,mas não sei quanto tempo...não tinha mais noção nenhuma do tempo desde que eu tinha entrado na banheira.

O Mathew levou a neném para ser pesada (ali dentro do quarto) e eu fiquei observando. Helene olhou se o períneo estava intacto, e disse que precisava de dois pontinhos. Nada sério, só mucosa. Levei os pontos a seco, e isso foi a parte sinceramente mais horrível.
A placenta saiu que foi uma delícia, quente, macia, uma delícia! :) (é realmente uma sensação gostosa, aquela quentura ajuda a deixar mais relaxado lá embaixo)

Levantei depois que pari a placenta para olhar o Mathew dando banho na neném. Aliás, esqueci de dizer que o skype estava ligado quando eu entrei no quarto. E todo mundo do Brasil via o que tava acontecendo. Dava pra ver só do peito pra cima, então todo mundo só me via de top de ginástica. e quando a neném veio pro meu peito logo depois de nascer. Eu fiquei chocada, pois ela tinha TANTO cabelo e pretinhooooooo...a Isabelle tinha vindo carequinha!!! Foi uma super surpresa. Engraçado que quando ela nasceu eu lembrei de um sonho que eu via uma neném nascendo (do mesmo jeito que foi o meu parto) e uma cabeça beeem cabeluda. Percebi que era ela mesmo!!!

Fiquei olhando o Mathew dar banho na neném e nem fraqueza eu não sentia. A Helene disse logo que a neném nasceu que era por isso que era bom as parteiras acompanharem o parto do lado da parturiente, pois no caso da Bia, ela nasceu tão rápido, que se ela não estivesse ali, teria perdido o parto.

Não me lembro de mais nada além de que queria tomar banho e dormir. Não me lembro o que aconteceu dali pra frente. Só lembro da Helene falando para mim que a Bia era linda e que se pudesse ela levaria a Bia pra casa e que ficou impressionadíssima com a maneira que eu lidei com as contrações e o quanto eu estava relaxada. Aquilo era novidade para mim, pois a impressão que eu tinha era que eu estava inquieta....tive mil conversas dentro da minha cabeça....mas afinal, só eu estava ouvindo essas conversas ;)

Esse parto com certeza foi muito gratificante. Pois sentia que conseguia passar por qualquer coisa depois disso. Senti que a minha própria meta tinha sido batida. E para ser beeem sincera, não sabia se passaria por mais um parto natural, pois as contrações foram PUNK!!!

Como alguns sabem eu já tive a Julie de parto natural também, então aquilo era por tudo estar muito recente dentro de mim. Hoje em dia eu sei que foi um parto rápido e intenso,mas também vejo que o "empoderamento" era muito diferente dentro de mim do que é hoje em dia.  Cada parto me ajudou de alguma maneira. Com certeza o parto na Julie culminando a minha maior transformação. Mas esse é outro post.

Por enquanto posso dizer que o parto da Bia, foi a minha prova para mim mesma de que eu conseguia passar por algo que direcionasse a minha mente, que sabia que com persistência e trabalho eu atingiria as minhas metas. E isso é importante para qualquer mulher/ pessoa não é?

Obrigada por lerem mais um relatão....agora só falta mais um :) Seguem as fotos:


















7 comentários:

  1. Você é uma mulher com muita coragem! Parabéns pelo blog, e obrigada pelas experiencias partilhadas :)

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    1. Teresa, obrigada!!!! Mas nós mães somos mulheres de coragem. Você com certeza incluída! :) Espero sempre te ver por aqui, saudades!!! Beijos!

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  2. Babi, melhor voce parar de contar essas historias de parto ou eu vou ter q ter outro bebe..hahahahaha. Amo parto, e o ultimo foi tao maravilhoso q eu tenho vontade de ter muitos mais...soh q o problema eh cuidar depois. To cansada de trocar fralda!!!! kkkkkkk.
    continua escrevendo, ta lidno esse blog!!!

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    1. Obrigada Beca!!! Obrigada mesmo!! :) que bom saber que você está gostando. Estou no caminho certo :)

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  3. Nossa vendo suas fotos, nem parece que teve TP e pariu de tão bem que estah hehehe (conversinha de quem acha que só com cesária as mulheres aparecem bonitas rsrsrsr) Vc estava linda pra esse momento, com certeza muito corajosa! Ahhhh o empoderamento, como ele é importante!!! Amei o relato e jah to na espera do próximo!!
    Bjosss

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  4. Babi, que era aquele cordão lilás no seu cabelo??? Se o bebê nasce dentro da água não vai encher o pulmão de água já que acabou de passar por um canal estreito que deve ter feito esvaziar o pulmão? (curiosidade), adorei o relato, se eu ler uns 200 quem sabe crio coragem, hehehe! Beijos! Ju T.

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    1. Ju, a crianca so respira a primeira vez qd entra em contato com oxigenio...ou seja, mm nascendo na agua a crianca so respira momentos dps q o pulmao se choca com o ar...portanto, nao, ela nao fica com o pulmao cheio d'agua ;) boa pergunta!!!

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